quarta-feira, 23 de julho de 2014

Somos todos escravos


Já há algum tempo que a mídia tem vinculado supostas denuncias trabalhistas de situações de trabalho análogas a escravidão.
Recentemente uma nova grife foi acusada e uma grande gama de provas apareceu em fotografias, sendo quase certo de que o flagrante é real.
Mas, recentemente, eu tive acesso a um grande acervo de filosofia, e muito me interessei pela teoria da Navalha de Ockham, que diz:

"Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor".

Talvez, ninguém ainda tenha notado o óbvio, mas, vou deixar que este óbvio seja respondido depois, leitor.

Note que, não lhe soa estranho que existam muitas provas para um mesmo caso? Que tipo de empresa seria essa que desafia os poderes de dedução e investigação dos fiscais do Ministério do Trabalho? Seria possível que um alojamento de trabalhadores como o que consta nas denúncias, com instalações novas de gás, luz, com pertences dos trabalhadores espalhados, ainda meio guardados em sacolas, malas, bolsas passasse despercebido a tão sábia justiça trabalhista do Brasil?

O fato é que todos os trabalhadores conhecem a eficiência do nosso Ministério do Trabalho e Ministério da Previdência, uma vez que frequentemente vemos na mesma mídia manipuladora casos de pessoas sem qualquer problema de saúde aposentados por invalidez, casos de pessoas que se aposentaram porém continuam a trabalhar. Não há nada mais revoltante do que ver algo construído por anos ser corrompido por interesses terceiros.

Como por exemplo, o desejo de ter um cargo melhor, como aconteceu anos atrás no caso de suposta escravidão em que a grife Zara foi denunciada, mas que com bons advogados e muita investigação, foi descoberta a verdade: não passava de um alojamento arranjado, uma falsa denuncia, bolivianos que mediante pagamento interpretaram os supostos trabalhadores abusados, um jornalista em busca de sensacionalismo e um promotor com a promessa de um cargo mais alto.

Responda rapidamente: você viu este tipo de notícia ser vinculada em qualquer que fosse o canal de comunicação? Para todos os efeitos, a imagem da empresa que foi vítima da falsa denuncia, ficará para sempre suja, mas a dos órgãos de fiscalização e até mesmo da justiça, não.

Ainda na maioria das reportagens sobre o caso da "escravidão", é visto um grande apelo ao fato de as condições encontradas serem "análogas a escravidão", termo este que até uns 4 anos atrás não era referido em casos como este. O grande apelo começa sempre com "em pleno século XXI temos este tipo de ocorrência humilhante", como se a escravidão realmente tivesse nos deixado lá em 1888. Como se ninguém aqui fosse um escravo. Pois, embora ninguém admita, somos todos escravos.
Somos escravos da mídia, da política, do descaso, do poder estabelecido através de um sistema que só exclui e nos vende a imagem de integrar a todos sob um único título: consumidores. Não irmãos, não humanos, apenas consumidores, peças para alcançar o lucro e consequentemente, o poder.

Confesso que comparar o escravo de 1888, o suposto escravo-trabalhador e nós, escravos do sistema, pode ocasionar alguns erros e parecer um tanto anacrônico. E seguindo esta linha de raciocínio, não encontraremos brecha para o que chamamos liberdade. Não quero com isso, diminuir um caso ou outro, pelo contrário, convido-o a uma reflexão. O tema é: você é livre?

Aí estará a resposta óbvia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário