quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sobre o período pré-eleição

 
As ruas atulhadas de cavaletes, faixas e placas. Os rostos: os mesmos. Sorrisos forçados onde é possível até ver as veias sob pressão pelo esforço. Provavelmente a sessão de fotos foi longa, já que pra cada cavalete há uma foto com o candidato do partido para presidente, governador, deputado federal, senador.

Os tons da imagem são sempre as cores do partido, e parece que no Brasil só existem duas cores, ou o vermelho da esquerda, ou o azul da direita. Então a rua fica uma imagem deplorável de se ver, mas que não que se houvessem mais cores fosse ela ficar mais decente. O ideal era não haver cavaletes.

Quem coloca estes cavaletes? Quem troca os cavaletes quebrados, levanta os cavaletes caídos, coloca as placas e faixas no lugar? Será que esta pessoa não se importa? Ele realmente acredita estar fazendo a coisa certa? Ou a fé que ele tem no candidato do tal cavalete é tão grande que ele imagina ser recompensado no futuro?

E sobre estes candidatos: eu estou me recusando a aceitar que eles realmente acreditam que implantar cavaletes na cidade inteira possa aumentar seus números de voto. Me recuso também a pensar que esses candidatos estão nos subestimando achando que um cavalete, um sorriso forçado, meia dúzia de panfletos e promessas que nos convencerá a lhes dar meu voto.

Penso que o que temos de mais precioso são as coisas que construímos, e automaticamente as coisas que construímos estão atreladas ao lugar a qual pertencemos. Então, aquela pessoa designada a cuidar do lugar onde pertencemos, deve ser a de máxima confiança. Como confiar numa pessoa que só se interessa por você a cada quatro ou dois anos, sempre alguns meses antes de outubro? É ela que deveria cuidar dos nossos interesses, interesses do coletivo, do grupo todo que tem suas criações integradas ao lugar onde pertencem. Então você percebe que não sabe NADA sobre seu candidato.

Não adianta apelar pra internet, porque lá (ou aqui) você só encontrará o que o próprio candidato deixe que você saiba. O que deveria ter sido feito, já não dá tempo de fazer, que seria acompanhar a vida pública deste candidato durante os anos, tanto no caso de uma reeleição quanto no caso de uma primeira vez.

Por alguns meses, tudo o que presenciamos em relação as eleições, será apenas um teatro, o mais bem feito de todas e que se repete a cada dois anos. Vai dizer que nunca houve uma obra vista que você achou que era verdade por alguns instantes?

Vale ressaltar que se todo este teatro é montado, se as condições pré eleitorais estão neste nível de cabrestagem e subestimada intelectualidade, a culpa é só nossa. A tríade "política, religião e futebol não se discutem" nos fez assim: politicamente oprimidos, religiosamente cegos ignorantes e fracassados no futebol.

Nos recusamos a discutir em família, entre amigos, com nossos primos, tios, filhos, colegas as coisas mais importantes, como quem vai cuidar do lugar onde eu vivo, quem vai proteger meus direitos como cidadão, ou quem vai escolher a ou b se eu não posso estar lá para isso. Se trata apenas da política que temos tanta aversão.


Nenhum comentário:

Postar um comentário